MAQUETE DO ESTALEIRO DO AÇU

MAQUETE DO ESTALEIRO DO AÇU
Foto Fernando

sexta-feira, 27 de maio de 2011

Fernando Leite em defesa de SJB

 

AOS NAVEGANTES
Tenho raros contatos com a prefeita Carla Machado, de São João da Barra. Quando a encontro é, eventualmente, em cerimônias públicas. Não tenho relações institucionais e de nenhuma outra ordem com seu governo, muito menos patrocínios ou coisas do gênero.
Digo isso, para me antecipar a prováveis críticas dos adversários de sempre, que podem querer associar o texto a seguir com interesses subalternos.
Também não escondo que, nessa polêmica entre ela e o deputado federal, Garotinho, nem pestanejo: estou do lado da prefeita por reflexão e opção pessoais.
A prefeita de São João da Barra, Carla Machado é uma mulher admirável. Não vou cair na vala comum de compará-la à poeta Narcisa Amália, outra vanguardista sanjoanense que viveu no século XIX. Cada uma no seu tempo, com suas virtudes e defeitos.
Narcisa e sua poesia intimista são uma unanimidade, Carla, não. Há contra a prefeita a necessária oposição. Há contra ela o nariz torcido dos intelectuais, aqueles que nunca fazem nada porque morrem de medo de errar e adoram apontar os defeitos de quem faz. São os que atravessam a vida deitados na sua irretocável inutilidade.
Carla foi vereadora em uma época em que vitórias eleitorais de mulheres, não só no Brasil, mas, sobretudo, num pequeno município costeiro do interior do Estado, eram incomuns. Revelavam-se feitos extraordinários que contrariavam a lógica machista e conservadora da época. Pois além de vereadora, foi presidente da Câmara e liderou seus pares com firmeza e equilíbrio. Uma mulher interiorana chefe de um Poder.
Para tanto não contava com tradicionais padrinhos políticos, patrocínios de bancos oficiais e nem programas de Rádio. Contava tão somente com sua teimosa obstinação em ganhar e com a sola de seus chinelos.
No entanto, desafio ainda muito maior estava por vir. Nas eleições de 2004, longe do Poder, isolada politicamente, ousou disputar a sucessão municipal contra duas máquinas que se juntaram: uma administrativa e outra financeira. O empresário Ary Pessanha, um dos mais bem sucedidos da região, foi o candidato oficial do prefeito de então, Betinho Dauaire, adversário de Carla. Parecia um jogo vencido antes de ser jogado.
Os analistas políticos consideravam as eleições, em São João da Barra, resolvidas. Alguns de seus apoiadores o faziam por desencargo de consciência e comentavam entre si que era uma luta perdida. O resultado era absolutamente previsível. Ganharia o óbvio, o lógico, mas a população transgrediu as convenções e decidiu contar a história ao seu jeito. Deu Carla.
Agora por motivos inconfessáveis o deputado Garotinho virou suas armas de guerra contra a Prefeita, quer porque quer se imiscuir na política de São João da Barra e apontar o seu ungido. Se lá, um vereador decide apoiar a prefeita é o fim dos tempos, se o mesmo acontece aqui, á menos de 40 quilômetros de distância, é uma efeméride. Vereador adesista lá é vilão, aqui é virtuoso.
O que está por trás desta guerra surda contra a prefeita? Até as pedras velhas do cais sabem. São João da Barra não é mais aquela bucólica cidade, no delta do Paraíba, de casario marcadamente influenciado pela colonização portuguesa, quase uma vila ainda quando o século XX já se despedia. Hoje a cidade é a sede do maior Porto das Américas, de orçamento privilegiado. Para os profissionais da Política isso é o que interessa, o resto é pano de fundo.
É hora do povo sanjoanense assumir de novo o centro da cena política e resolver por sua conta o seu destino. Como fez em outras ocasiões. Como fez em 2004 soberanamente.

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