Pré-candidato governista com preferência pessoal assumida pela prefeita Carla Machado (PMDB), José Amaro Martins de Souza, o Neco (PMDB), é agricultor, vereador em quarto mandato e secretário municipal de Assistência Social, Trabalho e Direitos Humanos. Com uma história politica e pessoal antiga com a chefe do Executivo, ele não nega os desencontros do passado, desde que Carla se fez presidente do Legislativo. Admitindo também a paticipação que ela teria em seu governo, para chegar a conquistá-lo, Neco trabalha com a possibilidade de composição de chapa com Aluizio Siqueira (PTB) ou Alexandre Rosa (PSB), os outros pré-candidatos da situação.
Crítico de Betinho Dauaire (indo para o PR) desde quando o hoje pré-candidato de Garotinho era prefeito e opositor declarado do então governador, ele não tem dúvidas ao afirmar que seu principal concorrente fez um “péssimo governo” em São João da Barra. Quanto às críticas sofridas, em relação a uma suposta falta de preparo para lidar com os mega-interesses do Porto do Açu, Neco diz possuir as principais virtudes que julga necessárias ao próximo governante sanjoanense: “compromisso com o povo e honestidade”.
Folha da Manhã — Carla Machado já declarou aqui que você é o pré-candidato da preferência pessoal dela. Até que ponto isso se dá por vocês dois serem do mesmo partido ou pela sua reconhecida lealdade à prefeita?
Neco — Desde meu primeiro mandato, há cerca de 15 anos, que eu a conheci e aprendi a admirá-la. Tivemos muitas divergências, sempre conversávamos e discutimos sobre São João da Barra. Desde então foi construída nossa amizade. Em todos momentos difíceis de minha vida, ela sempre esteve presente. É uma amizade não só entre nós, mas também entre nossas famílias.
Folha — Nessa questão da lealdade, até onde isso é uma virtude pessoal e política, ou uma forma de Carla garantir, caso você seja candidato e eleito, sua manutenção no poder como eminência parda do novo governo, como Garotinho faz com Rosinha em Campos e Lula com Dilma, no Brasil?
Neco — Seria um privilégio poder suceder um governo como o da prefeita Carla, mas acredito que ela ainda tem muitos caminhos políticos a seguir, o que não significa que a prefeita não poderia colaborar com a tamanha experiência acumulada nesses anos de gestão.
Folha — Ainda nessa questão da lealdade, dizem em São João da Barra que Carla chegou a falhar contigo, quando os dois eram vereadores, no primeiro governo de Betinho (1996/2000), e na eleição da mesa diretora, após ter acordado votar em você para presidente com o grupo de oposição, ela teria negociado às escondidas com o então prefeito e votou nela mesma para garantir o controle da Câmara. Foi isso mesmo?
Neco — O que aconteceu foi que Carla estava fechada com o grupo de votar em mim, sim. Sendo que próximo ao horário da votação, o outro grupo a ofereceu a proposta de ser ela a presidente da Câmara, a perguntando em quem confiaria: nela própria ou em mim. Dessa maneira, Carla optou em votar nela mesma. Mas essa história já é passada e eu já a perdoei na época. Pois compreendi que nessa situação, eu também confiaria mais em mim.
Folha — De qualquer maneira, no seu entender, Carla teria pago essa dívida, depois de eleita prefeita, ao fazê-lo duas vezes presidente da Câmara (nos biênios 2005/06 e 2007/08)?
Neco — Desde o momento em que eu a perdoei, não existiu mais dívida alguma!
Folha — Gersinho disse aqui, que na eleição de 2004, os candidatos a vereador que apoiaram a eleição de Carla a prefeita, teriam acordado que o mais votado teria sido o presidente. Ele foi o mais votado, mas o presidente foi você, com a promessa de que ele seria o próximo. Todavia, a eleição seguinte da mesa diretora foi antecipada para reeleger você à presidência. Procedem essas versões? Neco — Não, em nenhum momento Carla prometeu a mesa diretora da Câmara ao mais votado, até porque quem decide é a maioria da Câmara, mesmo com a influência que a prefeita possui.
Folha — E na tentativa de fazê-lo presidente pela terceira vez consecutiva, ao fazer uma lei, depois da eleição já consumada, para que o vereador mais votado (você) fosse automaticamente guindado à presidência? Como Alexande Rosa e Gersinho derrubaram isso na Justiça, se revezando nas presidências seguintes e gerando o racha figadal que perdura até hoje, mesmo com a volta do primeiro ao governo, a pergunta é: na relação custo/benefício, valeu a pena?
Neco — Na época, presidente da Câmara, eu apenas acatei a decisão da maioria sobre o projeto de Lei, até porque este projeto nem foi de minha autoria.
Folha — Na sua opinião, onde, quando e como os vereadores de oposição teriam perdido a mão, agindo na Câmara no interesse de desestabilizar a gestão de Carla, mesmo sobre os interesses da maioria da população, como foram os casos dos shows do último verão, ou o mais recente da coleta de lixo?
Neco — Por conta do excelente trabalho desenvolvido por nosso grupo e pelas mudanças e melhorias realizadas no município, o maior objetivo da oposição sempre foi a cassação da prefeita Carla, e para isso tentam utilizar de todos os artifícios. Sendo que a cada dia que passa eles se atrapalham cada vez mais, perdendo assim o respeito da opinião pública e tendo que votar sob decisão judicial.
Folha — Depois de apelar à Justiça para finalmente conseguir valer sua maioria na aprovação do remanejamento orçamentário, no último dia 28, Carla propôs o apaziguamento com a oposição. Com a proximidade das eleições de 2012, acha que isso ainda é possível?
Neco — A prefeita sempre procurou ter uma boa relação com a oposição independente do momento. Penso que as figuras políticas devem trabalhar em conjunto para melhorias em prol da população, e é isso que a população sanjoanense espera.
Foha — Como analisaria politicamente as pré-candidaturas de Aluizio Siqueira e Alexandre Rosa, que disputam com você a vaga para se lançar à Prefeitura pelo grupo do governo? Além da preferencia pessoal de Carla, qual seria sua vantagem sobre eles? Há possibilidade de compor chapa com um ou com o outro?
Neco — Sou candidato de preferência de Carla Machado, mas é com a pesquisa que vamos saber quem é o candidato da preferência do povo. Se for preciso compor chapa com um deles, estou pronto para isso, até porque são meus companheiros de bancada.
Folha — Presidente do PR, Wladimir Garotinho já garantiu que o cadidato do partido em São Joao da Barra (e, por conseguinte do seu pai), será Betinho Dauaire. Em se entender, quais seriam suas maiores dificuldades e facilidades no enfrentamento direto com o ex-prefeito?
Neco — Betinho já teve dois mandatos de prefeito de São João da Barra e eu, nesse período, fui vereador de oposição. Tenho certeza que ele fez um péssimo governo, pois prova disso, no colégio eleitoral do Açu na eleição de 2008, eu tive mais votos para vereador do que ele para prefeito. E em relação ao apoio do PR de Garotinho a Betinho, eu não tenho mente curta, me recordo muito bem das trocas de “elogios” entre um e o outro.
Folha — Gersinho também aventou a possiblidade dele sair em candidatura alternativa à Prefeitura, numa espécie de terceira via. Projeta essa possibilidade? Como ela poderia interferir na polarização entre os candidatos de Garotinho e Carla?
Neco — Respeito muito os eleitores que votaram em Gersinho para vereador. Mas acredito que ele não irá interferir em nada nas eleições de 2012.
Folha — E no grupo da situação? Embora não citado por Carla, não é novidade para ninguém a pretensão do empresário Ari Pessanha de concorrer mais uma vez ao pleito majoritário. Como isso está sendo trabalhado?
Neco — Ari vem sendo um amigo e companheiro indispensável, porém ainda não tivemos nenhuma conversa sobre esse assunto.
Folha — Quais são, em seu entender, os principais pontos positivos e negativos da administração Carla Machado? Se eleito, o que procuraria manter, o que buscaria melhorar e o que poderia trazer como novidade?
Neco — A administração de Carla Machado pode contar com inúmeros avanços em relação a governos anteriores, relacionados a maiores empreendimentos, maiores oportunidades de capacitação de mão-de-obra local, a inclusão de projetos na área tecnológicas, a conquista de implantação de grandes empresas dentro do município, investimento em infra-estrutura por todo território, entre muitos outros. Olhando para os pontos negativos, ficamos impossibilitados de oferecer o último verão digno para a população. A saída da Inbesp (oscip cuja terceirização no serviço foi suspensa pela Justiça Federal), que fazia excelente trabalho na saúde do município, também foi uma perda. Recentemente, a parada do reabastecimento de água potável em setores públicos e na comunidade, do recolhimento de lixo e do limpa-fossa foram grandes dificuldades. Gostaria de frisar, que esses pontos negativos ocorreram não por vontade da Pprefeita e sim pelo impasse na Câmara Municipal. Se eleito, buscarei melhorar cada vez mais a saúde, a educação, a assistência e todo governo, e procurarei trabalhar e capacitar cada vez mais nossa equipe técnica para construção de um ótimo trabalho em rede, para o futuro promissor que São João da Barra espera.
Folha — Alguns adversários questionam seu preparo para ligar com os grandes empresários brasileiros e mundiais que já estão vindo a reboque do Porto do Açu. Está preparado para lidar com os gigantescos interesses financeiros advindos desse investimento? Como aproveitar ao máximo seu benefícios econômicos e atenuar ao mínimo seus impactos sociais?
Neco — Com certeza estou preparado para esse grande desafio. Um prefeito não necessariamente perante a Lei deve ser graduado. Entendo que para ser prefeito, terei todo um suporte técnico com pessoas extremamente capacitadas ao meu lado, para me auxiliar em eventuais dificuldades. Para estar à frente de um município, o que se precisa de verdade, eu tenho: compromisso com o povo e honestidade
Por Aluysio, em 19-08-2011 - 17h19 folha da manhã